Greenwashing: a era da Maquiagem Verde

Estamos em uma década em que a conservação do meio ambiente é algo mais que urgente e vem sendo cada vez mais exigida uma tomada de posição dos, então, grandes poluidores do meio ambiente. Em meio a estes, as indústrias/fábricas que fornecem produtos para o mercado consumidor. Mudanças estão acontecendo, porém, de forma muito lenta e ainda há muito a ser feito. Neste sentido, o mercado consumidor vem se moldando de acordo com o que mais atrai seu público alvo: os consumidores; de modo que todos saiam ganhando. É o que, sem pensar muito, acredita o consumidor ao comprar seu produto "ecologicamente correto" no supermercado, por exemplo. 

O assunto a ser tratado aqui tem um nome: Greenwashing. Utilizado pela primeira vez pelo norte-americado Jay Westerveld, em 1986, ao deparar-se com uma mensagem no banheiro de um hotel que dizia: "caro hospede, ajude-nos a salvar o meio ambiente reutilizando toalhas e lençóis diariamente.". Westerveld percebeu que ali não passava de uma estratégia para diminuir gastos do hotel, que até então, não possuía nenhum outro tipo de preocupação ambiental. 

O termo, traduzido ao pé da letra para o português, significa "lavagem verde", o que dificulta um pouco nossa interpretação para a situação à qual é aplicado. Mas no inglês faz total sentido, quando se mistura green (verde) e white wash, uma tinta branca barata utilizada para pintar o lado de fora das casas, podendo, portanto, ser compreendido como "verde de fachada". Porém, aqui no Brasil, utilizamos o termo "maquiagem verde", um pouco diferente, mas que tem o mesmo sentido, que não é nada mais que categorizar produtos que acrescentam propagandas verdes falsas ou irrelevantes nos seus rótulos com o objetivo de atrair o consumidor e lucrar mais com vendas. São eles, os produtos "verdes" que estão dominando o mercado. No ano passado, movimentaram 845 bilhões de dólares em todo o mundo. Só no Brasil, o crescimento de produtos com mensagens ambientais na sua rotulagem foi de quase 500% em quatro anos.

Para facilitar a nossa compreensão, a PROTESTE, maior associação de defesa do consumidor da América Latina, dividiu as formas de maquiagem verde, com base nas normas internacionais da série ISO de rotulagem de produtos, em sete pecados:

  1. Do Custo Camuflado: o produto chama atenção para o benefício ambiental sem especificar o método. Exemplo: indicação de papel reciclado, podendo o processo de reciclagem ter consumido mais energia e poluído mais que o não reciclado;
  2. Da Falta de Prova: há mensagens no rótulo do produto indicando que é bom para o meio ambiente sem explicar o por que;
  3. Da Incerteza: O produto vem com informação de que é reciclável, mas não especifica se é a embalagem e/ou o produto que pode ser reciclado;
  4. Da Irrelevância: vem alguma informação no produto indicando ser favorável ao meio ambiente, sendo que isto já é obrigatório por lei;
  5. Do "Menos Pior": O produto abre generosos espaços na rotulagem para apresentar as vantagens para o meio ambiente, deixando de lado os riscos à saúde do consumidor ou até do próprio ambiente. Exemplo: algumas carteiras de cigarro indicam que seu produto é orgânico, mas não deixa claro e destacado os danos à saúde humana;
  6. Da Mentira: vem na rotulagem do produto um selo de certificação ambiental sem autorização da própria certificadora;
  7. Do Culto aos Falsos Rótulos: o fabricante cria seu próprio selo, induzindo o consumidor a acreditar que o produto é ambientalmente responsável. (vale lembrar que os selos só podem ser acrescentados na rotulagem com autorização de uma certificadora, e somente quando esta realiza uma auditoria na empresa do fabricante.)

Em meio à um bombardeio de novos produtos oferecidos e que atrai a nós, consumidores, o tempo todo, e uma grande dificuldade de acessos à informações confiáveis, precisamos ser seletivos ao máximo no nosso consumo diário, visando a nossa saúde e a do ambiente em que vivemos. Consumir menos e dar preferência ao que é orgânico e de origem confiável pode ser o início de uma reforma no mercado consumidor, visando mais transparência e outros meios de facilitar o consumidor a escolher o produto correto. 

Mantenha-se atento aos produtos com maquiagem verde!


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